De um sonho de criança nasce um boi de orquestra no Maranhão!
O Boi de Sonhos, sotaque de orquestra, foi fundado em 1º de maio de 1995, na rua da Pedreira, nº 90, no bairro do São Cristóvão, pela então menina “Cileninha” (Leocilene Silva dos Santos), que tinha como maior sonho brincar num bumba-meu-boi de orquestra bem animado, formado com jovens e adolescentes, que tivesse indumentárias bonitas, coreografias diferentes e adequadas às músicas, que agradasse ao público e botasse todo mundo para dançar com toadas animadas e poesia fácil do povo aprender. Pediu aos seus pais que a levassem para brincar no boi do “CEIC” do IPEM São Cristóvão, onde brincou por um ano.
Não encontrando naquele grupo oportunidade para expor e colocar em prática suas idéias e, assim, realizar o seu sonho. Foi então que com 12 anos de idade decidiu por conta própria criar sua brincadeira, reunindo crianças entre 08 e 12 anos, da rua da Pedreira e outras ruas do bairro, formando um grupo com 10 vaqueiros, 10 vaqueiras e 08 índias, todos mirins e começaram a ensaiar usando fitas K7 do Boi de Nina Rodrigues e Boi Brilho de Santo Antônio, passando a confeccionar suas próprias fantasias a partir de retalhos de tecidos e chapéus velhos. Tinha como personagem principal um boi de cofo (utensílio artesanal feito de palha de palmeira usado para guardar farinha de mandioca).
Toda aquela animação e os ensaios diários, no quintal de uma vizinha, chamou a atenção dos seus pais, Leonilson dos Santos (Léo) e Francilene Silva dos Santos (Cilene, falecida em 2009) que chamaram a garota e perguntaram-lhe o que estava acontecendo e a mesma revelou que ia realizar o seu sonho, que era ter a sua própria brincadeira e que toda a criançada estava lhe apoiando (não contou da promessa feita a São João). Com esta resposta não havia mais nada a fazer por parte dos seus pais, a não ser dar-lhe apoio e estrutura suficiente para que a brincadeira saísse, no mínimo bem vestida.
Programação de Domingo
20:00 h – Quadrilha Os Baixinhos
20:30 h – Dança Portuguesa/Indígena Tradição do Maranhão
21:30 h – Boi de Sonhos
22:30 h – Quadrilha Os Garapas
23:00 h – Banda Safadões
Leia mais sobre a principal atração de hoje no Centro Cultural (abaixo)
Seu pai, Léo, torcedor e apaixonado pelo Boi da Maioba, desde os 05 anos de idade, passou a dar total apoio à idéia e reunindo todos os pais dos meninos e meninas contou-lhes o sonho de sua filha Cileninha. Deles recebeu, também, total apoio. Passou, então, a acompanhar os ensaios, orientando e aprimorando as idéias; investiu financeiramente nas fantasias e pediu ao grupo Brilho de Santo Antônio um boizinho de buriti. Com tudo quase pronto, reuniu novamente parte dos envolvidos na brincadeira para fundar de fato aquele grupo, no dia 1º de maio de 1995 e na escolha do nome passou-se a chamá-lo de “Boizinho de Sonhos”, Neste mesmo ano o grupo apresentou-se usando as mesmas fitas K7 nos terreiros e arraiais do bairro, com muita animação e entusiasmo. No ano seguinte, 1996, o grupo cresceu, passando de 28 para 50 componentes, adolescentes e jovens. A diretoria reuniu-se e decidiu chamar o grupo, a partir dali, apenas “Boi de Sonhos”, nome que permanece até hoje.
Em 1997, o grupo contou com o apoio do então recém-eleito vereador Albino Soeiro e de sua esposa Bárbara, que passaram a patrocinar a brincadeira.
Cileninha, juntamente com a diretoria, resolveu padronizar o grupo por tamanho, idade, beleza e nas cores das vestimentas, o verde da esperança e o branco da paz, tão sonhada por todos, num mundo onde, principalmente os jovens, perdem-se na violência. A partir dali, começaram os reconhecimentos por este trabalho que contagia por onde passa, inovando algumas coisas no que tange a fantasias, coreografias e músicas, mas mantendo a tradição do bumba-meu-boi, inclusive implantando o “auto” em apresentações especiais com maior duração.
Em 1998, a brincadeira fortaleceu-se no seu bairro e fora dele. Veio, então, um outro sonho, o de gravar o seu primeiro CD de músicas. Um disco chegou a ser gravado, nesse ano, mas não chegou a ser “prensado”. O primeiro CD só foi possível em 1999 e levou o título de “MIRA”, no sentido de ver como é lindo um sonho realizado, ou melhor, vários sonhos, daí o nome, Boi de Sonhos. Com o lançamento desse CD, o grupo passou a ser conhecido na mídia, na cidade e no Estado; e até mesmo fora do país. O impacto causado por suas fantasias (ditas, ousadas) na comunidade boieira foi tão grande que influenciou na grande transformação de outras brincadeiras consideradas tradicionais, que passaram a adotar coreografias, padronização de cores, toadas e outras coisas, que observando com cuidado e bons olhos, pode-se dizer que só melhoraram o nosso folclore.
Em 2000, lançou-se o 2º CD (Arco-íris de Sonhos), também com muito sucesso. O grupo passou a apresentar-se fora de São Luís, em cidades do interior. É lançada a página do Boi de Sonhos na Internet (05/07/2000), no “site” www.revistamaresia.com.br. Em 2001, veio o 3º CD (Amor de São João), numa produção esmerada. Aumentou a presença na mídia e o grupo também passou a apresentar-se em outros estados, como a Bahia (Salvador) e Distrito Federal (Brasília). Com músicas mais tradicionais, o grupo harmonizou a modernidade com a tradição e com isso a aceitação da comunidade aumentou. O grupo cresceu e as despesas também. As dificuldades e os sonhos também cresceram. Em 2002, o grupo chega aos 7 anos de existência e prepara, mas, não consegue lançar o seu 4º CD, por falta de apoio financeiro.
Tem um grupo composto de 120 pessoas, fora sua diretoria. Tem viagens já agendadas para Tocantins, Goiás, Brasília e São Paulo. Realiza a viagem para Brasília, mas não consegue fazer as outras. Em janeiro de 2003, o Boi de Sonhos participa do 29º Encontro Cultural de Laranjeiras/SE. Em maio, após uma grande reflexão da Diretoria, decide-se que o Boi de Sonhos sai mais uma vez para os terreiros. Para isso, tem que fazer mais dívidas (mas tem o Sonho e a Promessa); consegue apresentar-se com grande repercussão na cidade. Por onde passa, é elogiado como “o boi mais bonito que já passou por aqui”, dizem os organizadores e expectadores dos diversos arraiais aonde vai mostrar o seu potencial. Com muito sacrifício grava e lança (atrasado) o seu 4º CD, “Sonhos e Estrelas”, com elogios rasgados de todos os lados, mas sem grandes vendas, por ter chegado quase no fim do período junino. Seu figurino, seu corpo de baile, suas coreografias, suas músicas, sua orquestra e seus cantores nunca estiveram tão afinados. É o comentário unânime, em toda a cidade, inclusive nos órgãos governamentais organizadores. Mas o retorno em chamados para apresentações não veio na proporção esperada. _ Resta o Sonho, ainda existe a Promessa.
Chega 2004 e com ele a ajuda do então vereador Haroldo Ribeiro, jovem entusiasmado com as cousas da terra, que apóia e apadrinha a temporada do ano, inclusive o 5º CD, “Ilha de Sonhos”. O Boi de Sonhos prepara-se para viajar mais uma vez para Laranjeiras/SE, para o 30º Encontro Cultural de Laranjeiras. Isso acontece em janeiro de 2005 (09 a 13/01/2005). 2006 é lançado o CD Amor, sonhos e paixão – É São João. 2008 é lançado o CD Amazônia pulmão do mundo com grande número de vendas. 2009 foi um ano de muito sucesso e também uma grande perda ( Dona Francilene ) mãe de Cileninha partiu para junto de Deus e nos deixou muita saudade e ensinamentos que foi lembrada por toada em sua homenagem nas apresentações no ano de 2010 com a música GUERREIRA DE LUZ que emocionou muita gente. 2010 também foi marcado por inovações nas cores do boi, não deixando de lado o tradicional “verde e branco”, arrancando muitos aplausos como todos os anos por ser um grupo com estilo próprio e muito contagiante, por isso hoje é conhecido mais como o: INCONFUNDÍVEL.
Este ano (2011) é o ano de 16 anos de fundação do Boi de Sonhos e queremos comemorar com uma grande festa e muitas surpresas vem por ai, por enquanto ficaremos só na famosa expectativa, mas o que podemos adiantar é que o nosso tema será a “ AQUARELA MARANHENSE” daí pode-se esperar muitas diversidades nas cores, batidas e coreografias. Mas, o maior sonho, que não é apenas da Cileninha e dos seus diretores, mas de todos que os fazem o Boi de Sonhos continua sendo ter uma sede própria, para poder implantar os projetos sociais para a sua querida comunidade do Tirirical (São Cristóvão e adjacências) com oficinas de danças, teatro, artesanato, cinema, biblioteca, atendimento de saúde e muitos outros sonhos para ajudar idosos, gestantes, crianças e jovens carentes de uma comunidade que apóia e aplaude o Boi de Sonhos, este boizinho-realidade que começou de forma tão simples, num cofo de farinha e hoje é o maior alimento do orgulho da nossa gente, transformando-se na maior expressão cultural do nosso bairro. No nosso grupo os sonhos não param de nascer, pois continuamos usando verde e branco na esperança de que a paz prevaleça entre os povos, entre o moderno e o tradicional, o velho e o novo, o grande e o pequeno... Afinal de contas entre todos que possam parecer conflitantes, pois o Boi de Sonhos é “show”, espetáculo, tradição e originalidade e, acima de tudo é maranhense e tudo que copiamos é a vontade de ser feliz e levar a felicidade a todos, principalmente a quem pode sacudir um maracá ou cantar uma toada num terreiro de bumba-meu-boi. (A Diretoria)
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